O primeiro resultado da Conferência Municipal de Educação realizada na quinta e sexta-feira, 9 e 10 de maio, no anfiteatro da Fumep (Fundação Municipal de Ensino de Piracicaba) foi a participação de quase 400 pessoas, entre professores, alunos, coordenadores, supervisores e outros trabalhadores da educação. O número surpreendeu até mesmo a organização do evento, que agora espera levar uma comitiva de 200 pessoas para a etapa intermunicipal da conferência.
Os participantes discutiram um texto-base da Conferência Nacional de Educação 2014 (Conae), que era dividido em sete eixos: O Plano Nacional de Educação e o Sistema Nacional de Educação, Organização e Regulação (Eixo 1), Educação e Diversidades, Justiça Social, Inclusão e Direitos Humanos (Eixo 2), Educação, Trabalho e Desenvolvimento Sustentável: Cultura, Ciência, Tecnologia, Saúde e Meio Ambiente (Eixo 3), Qualidade da Educação: Democratização do Acesso, Permanência, Avaliação, Condições de Participação e Aprendizagem (Eixo IV), Gestão Democrática, Participação e Controle Social (Eixo 5), Valorização dos Profissionais da Educação: Formação, Remuneração, Carreira e Condições de Trabalho (Eixo 6) e Financiamento da Educação, Gestão, Transparência e Controle Social dos Recursos (Eixo 7).
As sugestões ao texto-base foram aprovadas no final do evento, com contribuições que destacaram a necessidade de valorização dos profissionais da educação, a discussão das categorias e denominações dos funcionários da área e a promoção e valorização da formação cidadã para associações de pais, conselhos de escola, grêmios e comunidade visando uma atuação consciente e proativa na escola.
Qualidade
A melhoria da qualidade da educação pública foi outro aspecto muito destacado, como preocupação de todos os participantes. O grupo que discutiu o assunto sugeriu uma moção contra a progressão continuada.
O professor e representante da Amapira, Juan Sebastianes, que participou do Eixo 4, falou muito sobre a discrepância entre a educação oferecida no serviço público e no particular. “Não podemos mais permitir esse degrau, inclusive, uma das coisas que aprovamos no grupo foi uma moção contra a progressão continuada, porque acreditamos que o aluno tem que se responsabilizar pelo seu desempenho na escola. A aprovação automática tira toda a responsabilidade do aluno”, disse ele.
O estudante Fábio Diniz, 17, que sempre estudou em escola pública está sentindo a defasagem na pele. Ele tenta uma vaga em medicina, mas para isso está fazendo cursinho e tentando complementar o que não aprendeu. “Eu não sabia nada de química, não sabia nada mesmo. Muitas vezes chegava na escola à sexta-feira e o professor perguntava o que eu estava fazendo lá, porque não tinha ninguém na aula.”
Todas as propostas aprovadas na plenária final serão apresentadas na conferência intermunicipal em Campinas. Depois, ainda haverá etapas estaduais e a nacional, sendo que o resultado aprovado na Conae 2014 comporá as diretrizes para a construção do Sistema Nacional Articulado da Educação e para o Plano Nacional da Educação (PNE).
Avaliações
O coordenador geral da Comissão Organizadora da Conferência Municipal de Educação, Genésio Aparecido da Silva afirmou que a realização do evento no município é um mérito da secretária (Angela Jorge Corrêa) que entendeu a necessidade de se discutir os assuntos pertinentes à educação no município. “Vamos levar as nossas propostas para a etapa intermunicipal em Campinas. Cada coisa tem especificidades locais, mas o grande mérito da conferência é abrir o debate e mobilizar para discutir a educação”, disse ele.
A secretária da Educação de Piracicaba Angela Jorge Corrêa disse que o trabalho foi feito no texto-base definido pelo Fórum Nacional, no qual foram aprovados, rejeitados, acrescentados ou modificados vários tópicos em sete eixos “O primeiro ponto é que com a conferência a gente sensibiliza toda a sociedade para a questão da educação. Mesmo não sendo etapa obrigatória para a cidade, nós conseguimos reunir aqui professores, pais de alunos, diretores, supervisores, instituições superiores e todos pesando educação e como ela deve ser pensada para o país”, declara a secretária.
A coordenadora pedagógica Juliana Zulini e a assistente pedagógica Francini de Almeida Sales, ambas da Apae, participaram da conferência como ouvintes, mas avaliaram positivamente as discussões e as propostas do Eixo 2, que teve a inclusão como um de seus tópicos. Já a professora de educação infantil Ana Carolina Bottene disse que todos os temas discutidos são pertinentes ao cotidiano das escolas, e que a oportunidade de se reunir para refletir sobre a educação é algo importante para o aprimoramento. “Eu acredito que a participação poderia ter sido ainda maior, porque tudo aqui diz respeito ao nosso trabalho”, declarou ela.
A supervisora da Secretaria Municipal da Educação Luciana Chittolina disse que a conferência proporcionou uma interação entre todos os segmentos da educação, seja infantil, básica, particular, pública ou superior. “A gente percebe que alguns temas são comuns, como o salário, as condições de trabalho, mas sempre com o olhar local. A pessoa fala do chão que ela pisa”, disse ela.
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